Queridos irmãos e irmãs,
Alegremos-nos no Senhor, neste dia solene de Nossa Senhora
da Imaculada Conceição em que contemplamos as maravilhas de
Deus. Quero agradecer o Vigário Regional, Pe. Luiz Carlos
Meneghetti e todos os passionistas religiosos e leigos
presente hoje e em Minas Gerais e Espírito Santo que
continuam a missão de viver e proclamar a maior e estupenda
obra do Amor de Deus: a Paixão de Jesus Cristo.
Desejamos abençoar-nos também a nós com as palavras de São
Paulo Apóstolo: “Bendito seja Deus que nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais em Cristo”. Abençoado seja
Deus, pelo dom da vida, pelo dom do chamado a ser seus
filhos, a ser santos e imaculados na caridade! Abençoado
Deus que nos chamou à santidade por estradas diversas e hoje
bendizemos o Senhor pelo dom da Vida Consagrada Passionista
que reúne os discípulos de Jesus que desejam viver como
Cristo pobre, casto e obediente. Discípulos que têm tudo em
comum, que vivem juntos para fazer e promover a memória da
paixão de Jesus com a palavra e com a vida. Bendito Deus
pelo chamado de Paulo Sérgio e de Henrique na nossa
Congregação, abençoados os vossos pais, as comunidades
cristãs onde vocês foram batizados e criados, abençoados
aqueles vos inspiraram no seguimento a Jesus Cristo na
Congregação passionista, abençoados os vossos formadores,
abençoados somos todos nós hoje que assistimos ao vosso sim
definitivo e perene. Mas deixemo-nos iluminar da Palavra de
Deus a nós doada para melhor compreender qual é a riqueza da
vida religiosa.
Também vocês hoje, ao ouvir o vosso nome disseram: “Eis-me
aqui”! Como a Virgem Maria. Mas “eis-me aqui” para quê? Como
se pode dizer com tanta convicção e confiança: “Eis-me aqui”
no mundo de hoje?
Na narração bíblica da Gênesis, hoje proclamado, notamos
Deus à procura da sua criatura; aquela criatura por Ele
mesmo definida: “Coisa muito bonita”.
Deus passeia no jardim e chama Adão: “Onde estás?”. Esta é
também a pergunta que Deus coloca a cada um de nós neste
dia. “Onde estás na tua estrada da vida?”. “Qual é a direção
da tua vida?”. “Porque e de quem estás se escondendo?”
Adão não consegue dizer: “Eis-me aqui” porque tem medo. É o
medo produzido como conseqüência do pecado. Adão e Eva não
haviam somente percebido a própria nudez, mas também
ofuscado dentro de si mesmos a imagem que haviam de Deus.
Não o reconhecem mais como o amigo que passeia com eles; o
percebem como uma ameaça às suas vidas, como um credor do
qual se deve fugir, um tirano do qual se deve esconder.
Poder dizer “eis-me aqui” exige liberdade de coração,
abertura de mente e confiança total em Deus enquanto Pai. E
esta plena disponibilidade de Deus encontrou-se em um modo
todo particular depois de anos, séculos, milênios em Maria,
a “Criatura mais bonita”. Existe um lindíssimo canto
gregoriano que se canta em honra a Nossa Senhora Imaculada
“Tota Pulchra”, a “Toda linda” que é a interpretação
positiva do significado de Imaculada que significa “sem
mancha”.
Deus ficou fortemente fascinado da beleza da sua criatura
que mesmo quando pecou não a deixou sozinha, abandonada e
esquecida, mas desde o inicio fez a promessa de salvação:
“Esta te esmagará a cabeça”.
Deus jamais se desencantou do ser humano, sempre o procurou
com os profetas, com a lei e quando viu a Virgem Maria,
permaneceu de tal forma deslumbrado que decidiu escolhe-la
como sua casa, escolheu-a para dar a carne ao seu Filho,
escolheu-a, e ela respondeu na plena liberdade: “Eis-me aqui,
aconteça em mim segundo a tua palavra”. Sim, Maria poderia
também dizer “não” à proposta de Deus, mas o seu coração
aberto e disponível não pode resistir ao chamado do Amor e
se ofereceu totalmente confiando-se ao Amor.
O pecado, porém, não somente criou uma ruptura com Deus, mas
também com o próximo, de fato, o medo de Deus conduz Adão a
acusar Eva do ato desobediente. Maria com o seu sim permite
a Deus não somente de restabelecer a comunhão com Ele. Jesus
de fato, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem permite a
Maria de ser Mãe de Deus e Mãe do ser humano e esta
maternidade se confirma aos pés da Cruz: «Mulher, eis aí o
seu filho.» Depois disse ao discípulo: «Eis aí a sua mãe.» E
tal conceito é bem expresso também por Paulo Apóstolo na
carta aos Efésios:
Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um;
e, derrubando a parede de separação que estava no meio. Na
sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos,
que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois
um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos
com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E,
vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e
aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao
Pai em um mesmo Espírito. (Ef 2, 14-18)
Sendo assim, com o batismo todos nós retornamos àquela
“beleza originária”. De fato, também nós naquele dia
vestimos uma veste sem mancha para que represente a nossa
imaculabilidade. O nosso batismo, porém, se explica em
diversos modos e um destes é a vida consagrada. A vida
consagrada tem o dever de testemunhar aqui na terra aquilo
que somos chamados a ser: “Filhos de Deus imaculados”. Para
que isto aconteça é necessário que vivamos e testemunhemos a
nossa total pertença a Deus e em Deus a nossa plena comunhão
com todos, assim como o fez Maria. E para viver estes dois
pilares somos ajudados pelos votos de castidade, pobreza e
obediência. Votos que muitas vezes são interpretados como
obstáculos à liberdade quando, ao contrário são dons de Deus
para chegar à meta da nossa escolha feita em total liberdade.
Queridos Paulo Sérgio e Henrique, como o acontecimento de
Maria sobreveio em um lugar, um tempo e uma realidade bem
precisa, assim o vosso “sim” a Deus se cumpre em uma
realidade bem precisa que é aquela da Congregação da Paixão
de Jesus, fundada por São Paulo da Cruz, santo venerado de
forma particular neste glorioso santuário no Barreiro. A
nossa missão é aquela de viver juntos como irmãos para fazer
e promover a memória da paixão de Jesus por meio dos votos
de castidade pobreza e obediência.
1. Viver juntos como os apóstolos no seguimento de Jesus,
isto pede uma vida oracional não somente com o povo de Deus
que servimos, mas um empenho a encontrar como comunidade de
irmãos, tempos e lugares para meditar a Paixão de Jesus que,
segundo as palavras do nosso Fundador, é a maior e estupenda
obra do Amor de Deus.
2. Viver na castidade que significa ter um coração livre e
aberto para todos, sair da possessão e entrar na lógica da
gratuidade. A castidade não é somente ausência de relação
sexual, mas ter um coração compassivo por todos, sobretudo
pelos mais fracos e necessitados, pelos excluídos e os
crucificados os quais fazem ressoar ainda aquele grito
inicial de Deus: “Onde estás?” “Porque te escondes?” “Tenho
fome, tenho sede, estou nu, sou prisioneiro, sou estrangeiro,
estou doente e “você onde estás?”
3. Viver na pobreza que significa viver do essencial para
descobrir sempre mais que somente Deus basta, e que a
comunidade onde vivo, é a minha família da qual não devo
somente pretender, mas à qual devo também contribuir para
testemunhar ao mundo que existe mais riqueza na comunhão que
na divisão (muitas vezes injusta) dos bens. Viver do
essencial me ajuda também a ser solidário com os pobres, a
não desperdiçar e, portanto ao respeito com a criação que é
tão deturpada por causa da ganância e da insatisfação.
4. Viver a obediência que significa abandonar-se à vontade
de Deus que é aquela de salvar todos os seres humanos.
Obedecer não significa renunciar a ser si mesmo, mas
alcançar a plenitude da liberdade para ser plenamente si
mesmos. Obedecer significa antes de tudo, escutar a voz
amiga de Deus que mi amou ao ponto de dar a vida por mim.
Jesus mesmo obedeceu ao projeto de salvação de Deus,
esposando plenamente o amor do Pai por nós, pobres pecadores,
até a morte! Como posso então não obedecer a um amor assim
grande? È a obediência de Maria: “Faça-se em mim segundo a
tua palavra”. A obediência me leva em seguida a escutar a
sua voz que se exprime no silêncio, através as mediações que
são os superiores e na cotidianidade. A obediência educa o
coração a ser pronto a responder sim quando o amor chama e
não adiar a urgência do Reino de Deus que não pode mais
esperar.
5. Viver e promover a memória da Paixão de Jesus, que
significa fazer do Mistério Pascal o centro da minha vida. E
isto acontece antes de tudo por meio da meditação, sendo
assim, desejo recordar que as nossas Constituições dizem que
devemos dedicar cada dia ao menos uma hora à meditação.
Certamente, também a vida comunitária e os votos como já
disse antes, nos ajudam a viver a Memória da Paixão, mas é
importante também dar a justa ênfase às nossas liturgias
particulares. Sejais de conseqüência, fervorosos promotores
da Paixão de Jesus com o anúncio e com a vida. Não tenhais
medo, mas permitais à Palavra da Cruz de alcançar os
corações sedentos e despedaçados. Sede verdadeiros Apóstolos
do Crucificado-ressuscitado e deixeis que o seu grito, “onde
estás?”, seja ouvido por todos aqueles os quais o Senhor vos
mandará como seus mensageiros.
Queridos Paulo Sérgio e Henrique, sede sempre disponíveis e
generosos como a Virgem Imaculada e não temais a vossa
fragilidade, mas ponde a vossa confiança toda em Deus, ao
qual tudo é possível.
A Virgem Imaculada e São Paulo da Cruz, nosso Pai e fundador,
vos acompanhe e abençoe. Amém!
Santuario São Paulo daCruz Pe. Salvatore Enzo Del Brocco, cp
Belo Horizonte, 8 de dezembro de 2008 Superior Provincial
|