Professione perpetua di
Henrique Evangelista de Oliveira e Paulo Sérgio Ribeiro Sabino

 

Queridos irmãos e irmãs,
Alegremos-nos no Senhor, neste dia solene de Nossa Senhora da Imaculada Conceição em que contemplamos as maravilhas de Deus. Quero agradecer o Vigário Regional, Pe. Luiz Carlos Meneghetti e todos os passionistas religiosos e leigos presente hoje e em Minas Gerais e Espírito Santo que continuam a missão de viver e proclamar a maior e estupenda obra do Amor de Deus: a Paixão de Jesus Cristo.
Desejamos abençoar-nos também a nós com as palavras de São Paulo Apóstolo: “Bendito seja Deus que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais em Cristo”. Abençoado seja Deus, pelo dom da vida, pelo dom do chamado a ser seus filhos, a ser santos e imaculados na caridade! Abençoado Deus que nos chamou à santidade por estradas diversas e hoje bendizemos o Senhor pelo dom da Vida Consagrada Passionista que reúne os discípulos de Jesus que desejam viver como Cristo pobre, casto e obediente. Discípulos que têm tudo em comum, que vivem juntos para fazer e promover a memória da paixão de Jesus com a palavra e com a vida. Bendito Deus pelo chamado de Paulo Sérgio e de Henrique na nossa Congregação, abençoados os vossos pais, as comunidades cristãs onde vocês foram batizados e criados, abençoados aqueles vos inspiraram no seguimento a Jesus Cristo na Congregação passionista, abençoados os vossos formadores, abençoados somos todos nós hoje que assistimos ao vosso sim definitivo e perene. Mas deixemo-nos iluminar da Palavra de Deus a nós doada para melhor compreender qual é a riqueza da vida religiosa.
Também vocês hoje, ao ouvir o vosso nome disseram: “Eis-me aqui”! Como a Virgem Maria. Mas “eis-me aqui” para quê? Como se pode dizer com tanta convicção e confiança: “Eis-me aqui” no mundo de hoje?
Na narração bíblica da Gênesis, hoje proclamado, notamos Deus à procura da sua criatura; aquela criatura por Ele mesmo definida: “Coisa muito bonita”.
Deus passeia no jardim e chama Adão: “Onde estás?”. Esta é também a pergunta que Deus coloca a cada um de nós neste dia. “Onde estás na tua estrada da vida?”. “Qual é a direção da tua vida?”. “Porque e de quem estás se escondendo?”

Adão não consegue dizer: “Eis-me aqui” porque tem medo. É o medo produzido como conseqüência do pecado. Adão e Eva não haviam somente percebido a própria nudez, mas também ofuscado dentro de si mesmos a imagem que haviam de Deus. Não o reconhecem mais como o amigo que passeia com eles; o percebem como uma ameaça às suas vidas, como um credor do qual se deve fugir, um tirano do qual se deve esconder. Poder dizer “eis-me aqui” exige liberdade de coração, abertura de mente e confiança total em Deus enquanto Pai. E esta plena disponibilidade de Deus encontrou-se em um modo todo particular depois de anos, séculos, milênios em Maria, a “Criatura mais bonita”. Existe um lindíssimo canto gregoriano que se canta em honra a Nossa Senhora Imaculada “Tota Pulchra”, a “Toda linda” que é a interpretação positiva do significado de Imaculada que significa “sem mancha”.

Deus ficou fortemente fascinado da beleza da sua criatura que mesmo quando pecou não a deixou sozinha, abandonada e esquecida, mas desde o inicio fez a promessa de salvação: “Esta te esmagará a cabeça”.
Deus jamais se desencantou do ser humano, sempre o procurou com os profetas, com a lei e quando viu a Virgem Maria, permaneceu de tal forma deslumbrado que decidiu escolhe-la como sua casa, escolheu-a para dar a carne ao seu Filho, escolheu-a, e ela respondeu na plena liberdade: “Eis-me aqui, aconteça em mim segundo a tua palavra”. Sim, Maria poderia também dizer “não” à proposta de Deus, mas o seu coração aberto e disponível não pode resistir ao chamado do Amor e se ofereceu totalmente confiando-se ao Amor.
O pecado, porém, não somente criou uma ruptura com Deus, mas também com o próximo, de fato, o medo de Deus conduz Adão a acusar Eva do ato desobediente. Maria com o seu sim permite a Deus não somente de restabelecer a comunhão com Ele. Jesus de fato, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem permite a Maria de ser Mãe de Deus e Mãe do ser humano e esta maternidade se confirma aos pés da Cruz: «Mulher, eis aí o seu filho.» Depois disse ao discípulo: «Eis aí a sua mãe.» E tal conceito é bem expresso também por Paulo Apóstolo na carta aos Efésios:
Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio. Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. (Ef 2, 14-18)

Sendo assim, com o batismo todos nós retornamos àquela “beleza originária”. De fato, também nós naquele dia vestimos uma veste sem mancha para que represente a nossa imaculabilidade. O nosso batismo, porém, se explica em diversos modos e um destes é a vida consagrada. A vida consagrada tem o dever de testemunhar aqui na terra aquilo que somos chamados a ser: “Filhos de Deus imaculados”. Para que isto aconteça é necessário que vivamos e testemunhemos a nossa total pertença a Deus e em Deus a nossa plena comunhão com todos, assim como o fez Maria. E para viver estes dois pilares somos ajudados pelos votos de castidade, pobreza e obediência. Votos que muitas vezes são interpretados como obstáculos à liberdade quando, ao contrário são dons de Deus para chegar à meta da nossa escolha feita em total liberdade.

Queridos Paulo Sérgio e Henrique, como o acontecimento de Maria sobreveio em um lugar, um tempo e uma realidade bem precisa, assim o vosso “sim” a Deus se cumpre em uma realidade bem precisa que é aquela da Congregação da Paixão de Jesus, fundada por São Paulo da Cruz, santo venerado de forma particular neste glorioso santuário no Barreiro. A nossa missão é aquela de viver juntos como irmãos para fazer e promover a memória da paixão de Jesus por meio dos votos de castidade pobreza e obediência.

1. Viver juntos como os apóstolos no seguimento de Jesus, isto pede uma vida oracional não somente com o povo de Deus que servimos, mas um empenho a encontrar como comunidade de irmãos, tempos e lugares para meditar a Paixão de Jesus que, segundo as palavras do nosso Fundador, é a maior e estupenda obra do Amor de Deus.

2. Viver na castidade que significa ter um coração livre e aberto para todos, sair da possessão e entrar na lógica da gratuidade. A castidade não é somente ausência de relação sexual, mas ter um coração compassivo por todos, sobretudo pelos mais fracos e necessitados, pelos excluídos e os crucificados os quais fazem ressoar ainda aquele grito inicial de Deus: “Onde estás?” “Porque te escondes?” “Tenho fome, tenho sede, estou nu, sou prisioneiro, sou estrangeiro, estou doente e “você onde estás?”

3. Viver na pobreza que significa viver do essencial para descobrir sempre mais que somente Deus basta, e que a comunidade onde vivo, é a minha família da qual não devo somente pretender, mas à qual devo também contribuir para testemunhar ao mundo que existe mais riqueza na comunhão que na divisão (muitas vezes injusta) dos bens. Viver do essencial me ajuda também a ser solidário com os pobres, a não desperdiçar e, portanto ao respeito com a criação que é tão deturpada por causa da ganância e da insatisfação.

4. Viver a obediência que significa abandonar-se à vontade de Deus que é aquela de salvar todos os seres humanos. Obedecer não significa renunciar a ser si mesmo, mas alcançar a plenitude da liberdade para ser plenamente si mesmos. Obedecer significa antes de tudo, escutar a voz amiga de Deus que mi amou ao ponto de dar a vida por mim. Jesus mesmo obedeceu ao projeto de salvação de Deus, esposando plenamente o amor do Pai por nós, pobres pecadores, até a morte! Como posso então não obedecer a um amor assim grande? È a obediência de Maria: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. A obediência me leva em seguida a escutar a sua voz que se exprime no silêncio, através as mediações que são os superiores e na cotidianidade. A obediência educa o coração a ser pronto a responder sim quando o amor chama e não adiar a urgência do Reino de Deus que não pode mais esperar.

5. Viver e promover a memória da Paixão de Jesus, que significa fazer do Mistério Pascal o centro da minha vida. E isto acontece antes de tudo por meio da meditação, sendo assim, desejo recordar que as nossas Constituições dizem que devemos dedicar cada dia ao menos uma hora à meditação. Certamente, também a vida comunitária e os votos como já disse antes, nos ajudam a viver a Memória da Paixão, mas é importante também dar a justa ênfase às nossas liturgias particulares. Sejais de conseqüência, fervorosos promotores da Paixão de Jesus com o anúncio e com a vida. Não tenhais medo, mas permitais à Palavra da Cruz de alcançar os corações sedentos e despedaçados. Sede verdadeiros Apóstolos do Crucificado-ressuscitado e deixeis que o seu grito, “onde estás?”, seja ouvido por todos aqueles os quais o Senhor vos mandará como seus mensageiros.

Queridos Paulo Sérgio e Henrique, sede sempre disponíveis e generosos como a Virgem Imaculada e não temais a vossa fragilidade, mas ponde a vossa confiança toda em Deus, ao qual tudo é possível.

A Virgem Imaculada e São Paulo da Cruz, nosso Pai e fundador, vos acompanhe e abençoe. Amém!

Santuario São Paulo daCruz Pe. Salvatore Enzo Del Brocco, cp
Belo Horizonte, 8 de dezembro de 2008 Superior Provincial